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02 julho 2010

Tráfico de Influência



Ponta Grossa - A operação da Polícia Federal que prendeu 34 pessoas na quarta-feira acusadas de manter um comércio ilegal de animais também encontrou fortes indícios de tráfico de influência com a participação de funcionários públicos do Paraná. As descobertas surgiram a partir de escutas telefônicas realizadas com autorização judicial. Nas gravações, os nomes do ex-secretário estadual de Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, e do ex-presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Victor Hugo Burko, são citados em um suposto esquema para forçar o arquivamento de uma multa ambiental. Ambos ocupavam os cargos até o fim de março. Segundo o delegado Rubens Lopes da Silva, responsável pela investigação na PF, eles serão indiciados.

O susposto acerto teria sido feito para favorecer o empresário Márcio Rodrigues, considerado pela PF como o principal traficante de aves do Brasil e dono de um viveiro em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Em 2009, Rodri­gues foi autuado em R$ 203 mil por posse de animais estrangeiros não legalizados. Segundo a PF, o empresário começou a buscar formas de anular a multa. Para isso teria contado com a ajuda de Sérgio Buzato, funcionário do Tribunal de Contas (TC) do Estado, preso na operação. Conversas gravadas revelam que, a partir daí, vários funcionários públicos foram acionados para forçar o arquivamento da multa.

De acordo com a PF, Buzato diz nos telefonemas que vai usar sua influência e até mesmo troca de favores para arquivar a multa. Ele fala que alguns dos citados dependem dele para a aprovação de contas no TC. Uma das principais conversas envolve o então comandante da Força Verde, coronel Sérgio Filardo, outro detido pela PF. Buzato diz a Rodrigues que negociou com Filardo para intermediar a questão da multa usando como argumento o fato de que uma licitação de combustíveis da Polícia Militar estava com problemas no Tribunal. Em uma ligação de Filardo para Buzato, eles acertam um encontro no TC para acertar pendências. O pedido de prisão de Buzato alega que ele chantageava pessoas em troca de facilidades na aprovação de contas públicas pelo Tribu­nal. “Se esses caras não me ajudarem, vão ajudar quem? Esses caras dependem de mim pra aprovação de contas”, disse Buzato em gravação telefônica.

Em conversa com Márcio Rodrigues, Buzato diz que Rasca teria pedido, em troca, 300 votos no Clube do Curió para ajudar a anular a multa. Rodrigues responde que arranja 100 votos e mais 500 quilos de costela. Rasca saiu do cargo há três meses, para poder se candidatar na eleição para deputado estadual. A saída de Rasca e Burko é comentada várias vezes pela dupla, que reforça a necessidade de agilizar o arquivamento da multa antes que eles deixem os postos. O processo de autuação acabou sendo realmente arquivado.

O delegado Rubens Silva diz não ter dúvidas do envolvimento de Rasca e Burko na suspensão da multa e afirma que o que já foi apurado é suficiente para indiciar ambos no inquérito. Segundo Silva, eles continuam sendo investigados e serão chamados para de­­por. A PF tenta recolher mais informações para reforçar a acusação.

Também teriam participado da negociação para o fim da multa o responsável pelo setor de fiscalização e licenciamento ambiental do IAP, Harry Teles, e o fiscal Jackson Vosgerau. Eles teriam sido acionados por Buzato para dar parecer favorável ao arquivamento. Ambos estão presos.

Texto do Jormal Gazeta do Povo.

Um comentário:

Unknown disse...

Vegonheira mesmo. Mas quem não sabia? Colocam as raposas parA CUIDAR DO GALINEHRO.