A secretária estadual de Administração e Previdência, Maria Marta Renner Weber Lunardon, terá que dar explicações. No período de 2004 até abril deste ano, a empresa Telos S/A – Equipamentos e Sistemas pertencente ao seu marido, Paulo Roberto Lunardon, e à mãe, Maria Luiza Renner Weber, faturou com o governo do estado cerca de meio milhão de reais.
A Telos foi fundada pelo pai de Maria Marta, Jorge Aloysio Weber, falecido em dezembro do ano passado. Weber foi secretário da Indústria e Comércio durante o primeiro mandato de Requião no governo (1991-1994). Sob o comando dele, a empresa, que começou atuando na área gráfica em 1960, ampliou seu leque de negócios e ganhou filiais.
Em 2004, quando Maria Marta Lunardon ocupava ainda o cargo de diretora-geral da secretaria de Administração, cujo titular era Reinhold Stephanes, a Telos fechou negócios no valor de R$ 142.609,85 utilizando-se de quatro CNPJs diferentes. CNPJ é a sigla para Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, espécie de registro de identidade das empresas.
A sistemática foi seguida à risca nos anos seguintes, incluindo a mesma ordem de CNPJs da matriz e das filiais da Telos. Em 2005, a empresa recebeu do governo R$ 187.351,39 divididos em quatro faturas. Em 2006, R$ 106.335,66, novamente em quatro faturas. Em 2007, R$ 89.429,68, em duas faturas e até abril deste ano, R$ 15.850,30, em apenas uma fatura. O total amealhado é de R$ 541,576,88.
A secretária poderia até alegar desconhecimento dos negócios da família com o governo, ainda que isso seja altamente improvável, não fosse por um detalhe: Maria Marta é responsável também pelo Departamento de Administração de Material – DEAM – justamente o órgão do governo incumbido de adquirir “material” tal como o oferecido pela Telos. Ou seja, a autorização das despesas com a empresa da família passou diretamente pelas suas mãos. Como um dos proprietários da Telos é o próprio marido da secretária, na prática, e aos olhos da lei, ela retirou dinheiro dos cofres públicos e o depositou em sua própria conta.
Os indícios e provas documentais que devem ainda passar pelo crivo do Ministério Público mostram que as faturas expedidas com diferentes CNPJs tiveram muito provavelmente o objetivo de despistar as irregularidades. Para checar as despesas do governo com a Telos, disponíveis no site Gestão do Dinheiro Público, mantido pela administração estadual, foi necessário consultar ano a ano e CNPJ por CNPJ. O caso caracteriza um flagrante de improbidade administrativa e soma mais um escândalo ao “caldeirão de horrores” que vem caracterizando o governo Requião. Com a palavra, a secretária Maria Marta.
Texto do blog de Marcus Vinícius.
Um comentário:
O CIRCO DO REQUIÃO NÃO PARECE TÃO ADESTRADO ASSIM.
ABS.
Ary Kara
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