A um graduado interlocutor paranaense, que foi medir a temperatura política no primeiro gabinete, o presidente Lula deixou claro que está irritado, muito irritado com o governador Roberto Requião e suas estripulias políticas, principalmente a última em que não deixou alternativa ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a não ser recorrer à Justiça para não passar recibo de ladrão. Tão irritado está o presidente que pediu a este mesmo interlocutor uma semana pelo menos para digerir a raiva e reiniciar as tratativas para unir PMDB, PT e PDT no palanque da candidata Dilma Rousseff no Paraná. E as tratativas passam, obviamente, pelo governador Roberto Requião. O prazo pedido por Lula se encerra exatamente no próximo final de semana quando o presidente Lula virá ao Paraná, mais especificamente em Londrina, inaugurar obras. Quem sabe aí Lula volte aos bons tempos da campanha passada quando vinha a Curitiba e dizia que tinha “assim uma coisa de pele” com o governador.
Enquanto isso, e agora que a poeira baixou um pouco, saíram a campo petistas e pedetistas paranaenses com a tarefa de isolar o entrevero entre o governador Roberto Requião e o ministro Paulo Bernardo nos limites das insatisfações pessoais. O objetivo é impedir que as provocações do governador contaminem o PMDB por inteiro e irritem tanto o PT que inviabilizem uma futura união, no primeiro e, principalmente, no segundo turno entre os dois partidos em torno de uma única candidatura, à esquerda, no caso a do senador Osmar Dias,PDT. A briga PMDB/PT não interessa ao senador Osmar Dias porque o deixa sem um braço na eleição: sem o PMDB, perde a maior estrutura partidária do Estado e ainda facilita a vida dos deputados peemedebistas que vivem rondando a cerca do adversário Beto Richa.
Em plena troca de acusações com o ministro Paulo Bernardo, no começo da semana passada,o governador chamou à sua casa no Bigorrilho o deputado-mor do PDT, Augustinho Zucchi, e no meio da conversa propôs que, se Osmar Dias abandonasse o PT à própria sorte no Paraná, o PMDB toparia apoiá-lo. De fato, a proposta não era de se ignorar, mas quando se trata de Roberto Requião todo cuidado é pouco. Zucchi não disse que sim, nem que não, e Osmar preferiu contabilizá-la na (extensa) conta dos impulsos insensatos do Governador. O tempo é de nervos de aço e por enquanto nenhum partido pode afirmar que conquistou este ou aquele aliado. E mesmo conquistando, pode esperar puladas de cerca ao norte, ao sul, a leste e a oeste.
Texto do blog de Ruth Bolognese.
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