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16 setembro 2008

“Escarra nessa boca que te beija”


Em queda nas pesquisas, o candidato do PMDB à prefeitura de Paranaguá, Mário Roque, gravou e deixou vazar no You Tube vídeo em que baixa a borduna no governador Requião e no superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião (irmão do governador), a quem define, em ordem alfabética, de “cachorrão, canalha, porco e safado”. Roque vai mal das pernas na campanha e contava com o apoio do governador para derrotar o principal adversário, o atual prefeito de Paranaguá e candidato à reeleição, José Baka Filho (PDT).
No vídeo, gravado no sábado (13), o peemedebista lembra de sua colaboração na campanha reeleitoral de Requião, em 2006, e dos supostos 20 mil votos contrários que teria conseguido “diluir” em Paranaguá no segundo turno. Em paga, segundo ele, Eduardo teria convocado uma reunião com funcionários comissionados do Porto, pouco antes do início da campanha eleitoral neste ano, e discursado contra a candidatura de Roque, que ocupou a prefeitura do município por duas vezes.
O que Roque destila, mais do que a “tristeza do Jeca”, no entanto, é a lista de denúncias que pesam contra o superintendente do Porto, ora no limbo funcional por conta de decisão da Justiça. Roque diz que Eduardo teria demitido 80 amarradores de navio e chamado, em seu lugar, um sócio de nome “Chico” para organizar uma empresa e participar de licitação para assumir o negócio. Coisa cabeluda!
O peemedebista deixa insinuar que as mercadorias que chegam ao porto em contêineres passariam no fio do bigode, sem fiscalização, e lembra que Eduardo, que tem se valido da condição de irmão do governador, é o mesmo que não teria respeitado sequer o nome da família Requião ao lançar-se, em 2000, como adversário na disputa pela prefeitura de Curitiba contra o caçula Maurício (hoje no conselho do Tribunal de Contas do Paraná). “O senhor governador que leve este Serra acima. Esse não merece nada, é um porco, é um canalha, não vale nada, não respeita ninguém, veja a índole desse safado. Não merece o nome Requião. É o Eduardo Fajuto da Costa”, afirma Roque.
O aliado critica ainda a falta de autoridade do governador ao decretar intervenção no município e ver o interventor nomeado procurar o prefeito José Baka Filho e dar conhecimento da decisão em uma lanchonete de esquina. “O senhor (governador) politicamente está mal. Não manda nada, está desmoralizado. Ruge como um leão mas depois caminha tranqüilamente pela selva”.
Roque critica ainda o chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, e o procurador-geral do estado, Carlos Marés. “É um timinho fajuto. Uma cambada de safados que o senhor (governador) tem à sua volta”. E diz que está se juntando à “forças vivas” de Paranaguá para combatê-lo e a seu irmão. “Estou mandando um recado, eu faço de tudo, e estou gravando, para reconquistar o prestígio do porto. E aí será um final feliz para nós. Não sei se infeliz para o senhor”. Sobre a possibilidade de sair derrotado na eleição diz que está preparado para tudo. “Ganhar ou perder, faz parte do jogo. Só não admito ser humilhado”, completa.
O líder do governo na Assembléia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), rebateu as acusações de Roque lendo, na tribuna da Casa, soneto de Augusto dos Anjos. Um verso: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. Outro verso: “Escarra nessa boca que te beija”. Hmmmmmmm.

Texto do blog de Marcus Vinícius.

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