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13 maio 2008

Castração

O deputado Antonio Belinati (PP) propôs ontem na Assembléia a castração de todos os pedófilos e tarados que abusam sexualmente de crianças e de adolescentes. Não se trata de apresentar uma alternativa high-tech como a do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que propôs uma castração química aos estupradores, o que significaria torná-los impotentes.
Belinati quer aplicar a “lei de Talião” do olho por olho, dente por dente. E diz que castrar é pouco. Defende, segundo a nota distribuída ontem por sua assessoria, que se jogue sal e pimenta bem forte nos testículos dos tarados. Afe!
A proposta do parlamentar remete à primeira condenação da Justiça brasileira de que se tem notícia, em 1833. Antes, os criminosos eram todos julgados pela magistratura portuguesa.
Segundo o documento da época, o cabra Manoel Duda teria se “abrafolado” da mulher de Xico Bento (“por quem roía a brocha”) e tentou “conxambrar” com ela” coisas que só o marido dela competia “conxambrar”. A era jurídica do Brasil independente começou assim com uma tentativa de estupro, para a qual foi dada punição exemplar.
Pelo malefício, Manoel Duda foi condenado a ser capado a macete pelo carrasco e depois de 30 dias solto para que fosse em paz. O padre de então, gastou o latim para definir o crime: “Homine debochado eboxatus mulherorum inovocabus est sententias quibus capare est macete macetorim carrascus sine facto nortre negare pete”. Se é que você me entende.
Quase dois séculos depois, o deputado Antonio Belinati sobe à tribuna da Assembléia para propor a mesma punição aplicada a Manoel Duda no Brasil-Império. Se a mesma “lei de Talião” que o parlamentar quer aplicar a pedófilos e tarados fosse estendida também aos estupradores do Erário, os proxenetas do dinheiro público, os violadores da Viúva, imagino que o macete que pôs fim à carreira de Duda não fosse suficiente. O sal e a pimenta então…

Texto do blog do Marcus Vinícius.

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