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17 abril 2008

O inchaço de Greca

O governador Requião está usando o presidente da Cohapar, Rafael Greca, como bode expiatório no caso da terceirização de serviços que quase triplicou o número de funcionários da estatal em pouco mais de um ano – de 289 para 777.
Na semana passada, durante a “Escolinha”, o governador abordou a questão na forma de um pito: “A Cohapar tem 772 funcionários. São funcionários demais. E já fiz essa crítica em outra ocasião”. Referia-se a uma reunião a portas fechadas em que participaram, além do governador e de Greca, o secretário da Fazenda, Heron Arzua.
Greca, é claro, evita a queda-de-braço. Indagado sobre o inchaço nas contratações e a dívida da companhia que ultrapassa R$ 8 milhões – a maior da história – tergiversa e diz que irá atender a determinação do governador. Ponto.
Nos bastidores, contudo, despeja críticas ao seu antecessor, Luiz Cláudio Romanelli (hoje líder do governo na Assembléia). Greca culpa o peemedebista pela criação dos cargos comissionados e diz que seu objetivo foi nitidamente eleitoreiro.
Candidato a uma vaga na Assembléia Estadual, em 2006, Romanelli teria ampliado o quadro de funcionários a ponto de alugar um prédio anexo à sede da Cohapar para abrigar apadrinhados que depois serviriam também como propagadores de sua campanha.
Com autonomia administrativa e financeira, a Cohapar é um paraíso. Não depende da benção do governador na liberação de recursos e pode se dar ao luxo de determinar os salários de sua diretoria. Romanelli diz que recebia cerca de R$ 19 mil mensais – quase o dobro de um secretário de estado. Greca teria vencimentos de R$ 31 mil. Ele nega. Mas a folha de pagamento da Cohapar é, inegavelmente, nababesca. Um motorista, por exemplo, não ganha menos de R$ 3 mil.
O fato de Requião apontar Greca como responsável pela distribuição de cargos sem critério definido, contudo, tem por objetivo jogar uma “cortina de fumaça” sobre o que o governo quer esconder: a contratação desenfreada nos demais órgãos da administração peemedebista. E não é preciso ir muito longe. Basta dar uma espiada no número de assessores especiais ligados ao gabinete do governador com salários de R$ 11,9 mil. Quanto à função que exercem, isso são lá outros quinhentos.

Texto do Blog de Marcus Vinícius.

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