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27 agosto 2008

Busto de Bronze


O governador do Paraná Roberto Requião merece que lhe ergam um busto de bronze, quem sabe um panteão, tão logo deixe a administração estadual. Só ele foi capaz levar o nepotismo aos píncaros da glória.
Mesmo com a decisão dos ministros do STF de proibir a prática no país, Requião achou solução supimpa para dar guarida a seus parentes. Aproveitando-se de brecha deixada pelo próprio STF que diferenciou as figuras de agentes políticos (ministros, secretários estaduais e municipais) de administrativos (funcionários em cargos comissionados), Requião fez o que dele se esperava: tornou a mulher, Maristela Requião, e o irmão, Eduardo, secretários especiais do Museu Oscar Niemeyer e do Porto de Paranaguá, respectivamente.
As nomeações com as datas do dia 20 (no caso de Maristela) e do dia 25 (no caso de Eduardo) devem ser publicadas na próxima edição eletrônica do Diário Oficial do Estado.
A atitude de Requião foi classificada pelo presidente da seção paranaense da OAB, Alberto de Paula Machado, como uma “zombaria”. “Afrontar as decisões do Supremo é desacreditar as instituições do país”.
O STF não deve, no entanto, tratar a chacota requianista como um caso individual. Ontem mesmo, o prefeito do Rio, César Maia, tratou de seguir o exemplo de Requião e nomeou a irmã também para o cargo de secretária. Se isso está acontecendo em um dos principais estados da federação e na segunda capital do país, imagine o que poderá ocorrer nos grotões.
Escrevi na semana passada e reafirmo: os ministros do STF tomaram uma decisão meia-sola ao permitir que o chefe do Executivo, em qualquer esfera, nomeie parente para ocupar o cargo de “agente político”. É um coelho tirado da cartola.
Do qual Requião, aliás, soube se aproveitar como ninguém. Ligeiro (e bota ligeireza nisso), o governador assinou decreto nomeando Maristela para o cargo de secretária especial no mesmo dia em que os ministros entenderam que o artigo 37 da Constituição Federal era suficiente para proibir o nepotismo no país, dispensando assim a edição de uma lei.
Requião fez ouvidos moucos sobre o caso. Ontem, na Escolinha, espaço da TV Educativa que ele reclama para dizer o que pensa, o governador estranhamente resolveu silenciar sobre o nepotismo. Um silêncio que era, contudo, triunfante. Típico de quem age na calada da noite.

Texto do blog de Marcus Vinícius.

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