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08 julho 2011

Cidade Modelo. Será ???


Da Gazeta do Povo, em reportagem de Diego Ribeiro e Felippe Anníbal

Curitiba fecha 1.º semestre com epidemia de homicídios
Taxa de assassinatos na capital paranaense é três vezes maior que a de São Paulo: são 40 mortes a cada 100 mil habitantes

Curitiba fechou o primeiro semestre deste ano com uma taxa epidêmica de homicídios. Foram 357 assassinatos, o equivalente a 40 casos a cada 100 mil habitantes – média três vezes maior do que a aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A cidade de São Paulo, por exemplo, tem um índice de 10,8 homicídios por 100 mil. Já Porto Alegre tem quase a metade da taxa curitibana: 22 por 100 mil. Apesar da gravidade, o índice da capital paranaense caiu quase três pontos em relação à média do ano passado. Em 2010, o ano fechou com 42,9 homicídios por 100 mil.

Quatro dos 75 bairros de Curitiba concentraram 40,6% dos assassinatos entre janeiro e junho deste ano. Cidade Industrial (CIC), Uberaba, Sítio Cercado e Cajuru (localizados no hemisfério sul da cidade) somaram 145 homicídios no período. Em números absolutos, o CIC aparece no topo da lista, com 56 mortes. Em contrapartida, 17 bairros – como Ahú, Alto da XV, Mercês, Jardim Social e Jardim das Américas – não tiveram sequer um registro de homicídio. Todos estão situados nas regiões norte e central da capital.

Segundo o presidente do Conseg, Pedro Forcadel, um voluntário é responsável por recolher os telefones de todos os moradores e atualizá-los. Assim, quando há qualquer movimentação suspeita, eles avisam um ao outro e alertam a polícia. De acordo com Forcadel, outra melhoria na região para combater o crime foi a construção da 2.ª Com­panhia do 20.º Batalhão da Polícia Militar. “A ação da polícia tem feito a diferença”, afirma.
Para quem vive a realidade da violência, o alto índice de homicídios está diretamente relacionado ao tráfico de drogas e à condição socioeconômica desfavorável da população onde os crimes ocorrem. “A violência aparece mais no sul porque essa região ainda não foi totalmente inserida no processo de desenvolvimento da cidade. Os moradores vivem em condições vulneráveis e acabam sendo cooptados pela criminalidade”, analisa o sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Lindomar Boneti.

Segundo especialistas, é possível dividir o “mapa do crime” em duas áreas geográficas: a região norte-central, com mais acesso a infraestrutura e de maior poder aquisitivo, e a região sul-periférica, mais vulnerável a fatores sociais e onde o comércio de drogas se faz mais presente. “São duas cidades distintas dentro da mesma Curi­tiba. No sul, falta a presença do Estado como um todo, não só de policiamento. É uma violência social mesmo”, define o professor de Direito Penal da UniBrasil, Ledo Paulo Guimarães Santos.

A delegada Maritza Haisi, chefe da Delegacia de Ho­­mi­cídios (DH) de Curitiba, concorda que o fator socioeconômico é determinante na análise dos números da violência e revela que nas regiões mais abastadas os assassinatos têm outra motivação. “Onde há mais acesso a serviços e estrutura, os homicídios são pontuais. São mais comuns casos como crimes passionais e brigas, por exemplo, que são casos difíceis de serem evitados com trabalho preventivo”, explica.

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